Já dizia Hans Enzensberger que a manipulação dos meios de comunicação por todos é saída para que não aconteça a condução da massa, é através do conhecimento dos processos que se consegue autonomia perante os mecanismos.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O jornal impresso e as inovações tecnológicas

Todas as áreas da comunicação sofreram modificações no decorrer do tempo, tanto pela questão conceitual da própria prática quanto pelas inovações tecnológicas, que ofereceram muitas oportunidades e desafios para o mercado da comunicação.

O jornalismo impresso seguramente é o que mais sofreu com estes desafios e precisou (e precisa) constantemente se reinventar para se manter. A invenção do rádio, da televisão, dos computadores e da internet, representam a grandeza desses desafios. Contudo, o jornalismo impresso se mantém e continua firme no mercado da comunicação.

Santos (2009), diz que:

O jornalismo impresso é o meio de comunicação mais antigo e sua evolução deixou marcas significantes, desde a revolução da prensa gráfica de Gutenberg até os dias de hoje, com a chamada terceira revolução da comunicação, à Internet. Mostrar que cada meio de comunicação tem as suas maneiras de informar e que apesar da introdução das novas tecnologias, o jornal impresso adaptou-se e passou a se utilizar de suas ferramentas para atrair o leitor. Assim, a mídia impressa utiliza recursos como a diagramação, as fotografias, infográficos e gráficos para renovar, conquistar e aproximar o leitor.
A autora ainda cita o exemplo de dois grandes jornais brasileiros e sua trajetória, frisando: “Nas décadas de 80 e 90 os jornais Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo entraram em um processo de informatização, assim as máquinas de escrever cederam espaço para os computadores. Na época que as redações foram informatizadas houve muitas demissões de jornalistas, e havia receio dos jornalistas a respeito das novas tecnologias. Conforme os anos, o jornalista foi obrigado a acompanhar as tendências das tecnologias da informação, a partir desse entrosamento entre os programas de computador e o jornalista, nasceram novos profissionais.”

O município de Alta Floresta possui cinco veículos de comunicação impressos, e neste artigo conheceremos a história de três deles: “Jornal da Cidade”, “O Diário” e “Mato Grosso do Norte”.


Jornal da Cidade

Crédito: Site do veículoA história do Jornal da Cidade é contada por Arão Leite, repórter do veículo e aluno do curso de Jornalismo da turma especial da Unemat em Alta Floresta. O mesmo foi fundado em 29 de maio de 1984 pelo professor Nazan Rezek Filho, data que coincide com o nascimento dos filhos do fundador: os gêmeos Vinícios e Gustavo Rezek. É o mais antigo jornal impresso da região.

Nos anos 90, a direção do jornal foi assumida pelo empresário Anacleto Tamporoski. Posteriormente, Nazan Rezek negociou e passou o jornal a órgão oficial do município e da comarca. Em 2001, Anacleto se mudou do município e a direção foi assumida por Fernando Sena Sampaio, que permanece até hoje. Tem a sede própria estabelecida a Rua Evandelina Nazário, entre o Mercado do Produtor – Feira Livre – e a Escola Furlani da Riva. As primeiras impressões das edições do veículo foram feitas na capital do estado, enfatiza o repórter. Nasceu no formato ‘standard’ e foi passando por algumas reformulações.

Quanto à composição de páginas, geralmente, têm oito páginas. Contudo, já houve edição especial de até 40 páginas e outras situações, onde se aumenta para três cadernos ou 12 páginas, principalmente aos sábados quando tem a chamada coluna social, usando o caderno do meio, esclarece o repórter.

Após o formato “standard”, o Jornal passou a ser o modelo tablóide com tamanho 30 x 22,5 centímetro. E quanto à coloração do jornal, Arão cita que: “O Jornal da Cidade sempre foi preto e branco. Contudo, no período de dois a três anos, até 2001 precisamente, foram feitas edições com capa e ultima página coloridas ou as duas páginas externas. Mas depois o órgão voltou a ser P&B.”

Atualmente, o Jornal trabalha com a tiragem de 600 a 1000 exemplares por edição e circula às terças, quintas e sábados, com cerca de 10 servidores diretos. Quanto à perspectiva de evolução no quadro de funcionários, Arão salienta que não se lembra exatamente quantos funcionários compunham o jornal no início, contudo, descreve: “Mas lembro-me de histórias do fundador falando sobre ele na redação, sua esposa Beatriz Sales Padovan Rezek, dois repórteres, uma desenhista e dois entregadores.”

Na questão da impressão, o Jornal da Cidade atualmente possui parque gráfico próprio, com impressora industrial e impressora de papel vegetal, além das ferramentas básicas para produção das edições: gravador, computador, máquina fotográfica, internet, telefone e automóvel. Possui cinco computadores, mesas, cadeiras e estrutura administrativa necessária para o aporte da empresa.

Esse contexto descrito é precedido pela produção mais artesanal do jornal, caracterizada pelo uso de dois gravadores e máquinas de datilografias. Somente anos depois foram comprados os primeiros dois computadores. No início, caracteriza Arão, “usavam-se câmeras fotográficas analógicas. A câmera digital do Jornal da Cidade foi a primeira na imprensa escrita da cidade, no ano de 2001, a disquete.” Nesta época, havia no jornal apenas uma impressora simples e a impressão dos jornais era terceirizada, em gráfica ou mesmo em Cuiabá, no caso das primeiras impressões.

Outro elemento importante de ser analisado é a internet. O Jornal da Cidade passou a utilizá-la em meados dos anos 90 e servia de fonte para informações de entretenimento como novelas e horóscopo, sempre requisitadas pelos leitores.

O repórter esclarece, quanto a esse assunto, que hoje o jornal já possui seu site, o www.jcidade.com.br, e salienta que o mesmo “é atualizado conforme é lançada nova edição do Jornal. Muitos alta-florestenses, que deixaram o município há cinco, dez ou até mesmo 30 anos, acompanham notícias da região e mandam informações”.

Sobre a importância do uso dessa tecnologia, ainda complementa: “O acesso conforme acompanhamento do nosso setor administrativo da página vem do estado inteiro. Várias regiões brasileiras e muitos países como Estados Unidos, Espanha, Portugal, Austrália, entre outros. São alta-florestenses que estão a milhares de quilômetros de distância, mas acompanhando Alta Floresta pelo Jornal da Cidade, a imprensa escrita mais antiga, tradicional, órgão oficial e com leitores, assinantes e anunciantes diretamente em sete cidades do norte de Mato Grosso”.


Crédito: site do veículoO Diário

Quanto ao jornal “O Diário”, Altair Nery, atual sócio-proprietário, salienta que o jornal foi fundado em 25 de janeiro de 1999 e tinha na formação societária inicial o jornalista Carlos Alberto de Lima, que hoje já não faz mais parte da sociedade, composta por Altair e Mirian Dal’Ácqua Nery.

Este jornal iniciou com um formato “mini”, termo cunhado por Altair para descrever o formato A4, e dois anos depois adotou o formato atual: tablóide. É composto por 12 páginas diárias, sendo que capa e contra capa são coloridas e o restante P&B. É o único veículo na região com edições diárias, exceto sábados e domingos.

Sobre a estrutura funcional, na época da fundação Altair cita que era “bem familiar, com apenas dois ou três funcionários e os proprietários”, hoje, contudo, houve uma evolução significativa, com quadro total de aproximadamente 15 funcionários na equipe.

O aparato técnico do jornal é composto pela fase produção, que possui três computadores para produção de matérias e arte final, onde se usa também uma impressora Laserjet HP 5200. Na fase impressão, o Jornal utiliza uma impressora Offset Roland 01. No período inicial do jornal, Altair descreve que possuíam apenas um computador e gravadores analógicos. Não havia impressora e nem câmera digital, apenas câmera analógica, cujas fotos eram reveladas e escaneadas para utilização nas edições.

Altair ainda acrescenta, quanto à evolução do veículo, que há perspectivas de ampliação da área editorial, referente ao aumento do número de páginas e consequentemente número de profissionais, e cita também a perspectiva de criação de cadernos específicos, dentre outras mudanças que o mercado editorial nos impõe.


Crédito: Site do veículoMato Grosso do Norte

O jornal Mato Grosso do Norte nasce em Alta Floresta no ano de 1996, tendo desde então, como editor, diretor e proprietário, o jornalista José Vieira do Nascimento, vindo de Cuiabá após trabalhos na Gazeta e no Diário. No primeiro ano, José Vieira, produzia todo o material veiculado manuscritamente e, após a finalização, seguia até uma gráfica da cidade e lá se sentava junto ao diagramador. Naquela sala, saia semanalmente as primeiras edições, ainda preto e branco, do Mato Grosso do Norte.

Pouco tempo depois, entre 1997 e 1999, o jornalista encontrou por meio de maiores contatos, outros membros que integraram a primeira fase de trabalho do jornal. Para ter o acesso à internet, a redação foi montada em uma sala alugada na escola TecnoMato.

Mato Grosso do Norte foi o primeiro meio de comunicação do município a possuir um site. Por meio do crescimento de assinaturas e interesse da população ao acesso à informação, a empresa obteve possibilidade de ampliar o negócio. No ano de 2000, a aquisição de uma máquina de impressão, uma Catu 410, proporcionou a confecção de um maior número de exemplares e alcançou os municípios vizinhos, como na cidade de Carlinda, Paranaíta e Apiacás. Na mesma época passou a ter sua veiculação duas vezes por semana - nas terças e quintas-feiras.

Em 06 de setembro de 2005, o jornal se torna o pioneiro na impressão colorida, proporcionando aos seus leitores maior qualidade no material adquirido. Contando com uma equipe maior que seis funcionários (diagramador, impressor, dois vendedores, repórter, editor). Com os avanços, vieram novas editorias, cadernos especiais e coluna social.

Os recursos de internet sempre favoreceram na construção do material veiculado pela empresa, no sentido de dar mais qualidade ao produto, informações mais apuradas e diferenciadas. Sites como diários oficiais, sites do governo e e-mail são os mais acessados, causando contratempos nos fechamentos das edições quando há falhas no sistema de internet.

Agora, aos 16 anos de sua fundação, Mato Grosso do Norte, tem uma equipe formada de sete funcionários. Acréscimo no número de editorias como de saúde, TV, agronegócio, esporte e automóveis. Circula três vezes na semana em quatorze municípios da região norte e possui perspectivas no incremento de novos recursos de impressão, com a intenção do maior número de páginas coloridas, melhoramento na qualidade e rapidez na impressão.



Acadêmicos: Denise Farias, Glauciane Brissow Realto, Guilherme Munhoz, Junio Garcia, Mequiel Zacarias Ferreira, Raquel Olsen e Oliveira Dias.
Colaboração: Dionéia Martins, Arão Carvalho, Altair Nery, José Vieira e Edemar Savaris.

0 comentários:

Postar um comentário