Já dizia Hans Enzensberger que a manipulação dos meios de comunicação por todos é saída para que não aconteça a condução da massa, é através do conhecimento dos processos que se consegue autonomia perante os mecanismos.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Manifestações as fontes que limitam o leitor

Manifestações em junho de 2013 em Porto Alegre. Foto Gilmar Luis
No artigo As fontes das manifestações de junho de 2013, Lara Guerreiro Pires estuda as fontes a partir de alguns autores.  O material selecionado para estudo referiu a matérias veiculadas no portal Universo Online (UOL). Lara utiliza a teoria das fontes dadas por Mauro Wolf,  Felipe Pena, Mario Erbolato, Nilson Lage , Juarez Bahia e Elias Machado para identificar as fontes consultadas nas matérias.

Lara faz uma reflexão sobre as fontes na produção de notícias. As fontes são de grande importância para a prática jornalística. Isto porque assim como o público não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo para saber o que ocorre no mundo diante de si, também não o faz o jornalista.   Por isto o profissional necessita de outras pessoas para tomar conhecimento dos fatos e assim selecionar, apurar e transformá-la a em noticia.

A autora Lara Guerreiro Pires vai analisar as manifestações no Brasil que chamaram a atenção da mídia em várias partes do mundo. A repercussão não foi como a da Primavera Árabe em 2011, durante a qual ditadores da Tunísia, Egito, Líbia, Lêmem e Barein foram retirados do poder. Os manifestantes brasileiros não pediam a saída da presidente Dilma. As reinvindicações eram outras, o passe livre para estudantes, criticas a PEC 37 e pedia modificações nas práticas politicas nacionais.

A imprensa brasileira de acordo com suas possibilidades e a linha editorial de cada veículo fez o seu trabalho e cobriu as manifestações. Lara Guerreiro faz um estudo sobre os valores-notícia do site UOL, questionando as fontes utilizadas pela redação nos textos jornalísticos durante as manifestações. O site estudado foi escolhido por dois motivos, primeiro por ter um link especifico sobre manifestação facilitando assim o trabalho da estudiosa, e, também por ser um dos portais de noticias mais acessados do Brasil.

Felipe Pena alerta o jornalista para o cuidado que se deve ter com as fontes, pois, nem tudo que se colhe é verdade absoluta, a fonte apresenta a sua visão ou versão sobre o fato, daí a importância do profissional investigar e apurar bem, esgotando todas aas possibilidades. Já o estudioso Juarez Bahia, alerta o jornalista para o uso que ele faz das fontes, disso depende a credibilidade do profissional e do veículo para o qual ele escreve.  “Utilizar o anonimato da fonte para embutir a opinião pessoal ou para abrigar interesse escuso é uma frontal violação da ética profissional”, sentencia Bahia.

Os jornalistas devem adaptar-se a esta realidade e terem a capacidade de usar os dados disponíveis na rede como fontes, sem esquecer que como qualquer dado deve ser apurado e checado para sua utilização. A autora faz a divisão das fontes de acordo com as definições teóricas de diferentes autores. Mais das 85 notícias estudadas, 95,2% utilizaram fontes oficiais de forma ostensiva, ou seja o jornalista recorreu a órgãos, instituições, prefeitos, governadores entre outros .

Lara Guerreiro encerra o artigo criticando a opção feita pelos jornalistas. Mesmo sendo compreensível, ela observa que faltou informação vinda dos próprios manifestantes, o que tornaria as notícias mais próximas do leitor e daria outra visão do teor das manifestações. O uso de fontes oficiais deixou o conhecimento do leitor restrito a fatos isolados e não contribuí para o entendimento da relevância social.


Fonte: Arão Leite, Daiane Andrine, Dionéia Martins, Flávia B. Buchmann e Socorro Neves

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